Ela: Moço, não se preocupe.Estou bem, não parei. É certo que o carro quebrou naquela estrada, mas agente sempre dá um jeito, não é mesmo? Aprendi isso com você...
Ele: Porque me falas assim? Eu também acreditei no que diziam as estrelas. E assim como você, eu também chorei algumas noites, ou melhor, muitas pra falar a verdade, em algumas até adormeci como criança quando precisa de colo para se refugiar e amenizar a saudade...
Ela: Calma... eu não estou pretendendo recordar nada, só expliquei que estou seguindo.
Ele: Olha, eu descobri que não foi perca de tempo as horas ao teu lado, porque era o que me fazia bem. E acredita eu também senti sua falta em muitos momentos. Sabe quando... eu descobri aquela música que fala de "almas gêmeas"?
Ela: Moço, eu já enterrei esses sonhos.
Ele: E quando eu fui aprovado no vestibular? Ou quando a minha mãe ligou só para dizer que me amava?
Ela: Porque você é tão insistente?
Ele: Eu quis tanto compartilhar de tudo isso com você.Ou mesmo, quando eu descobri que Deus é simples...
Ela:Também quis compartilhar de alguns momentos, mas...
Ele: Mas, o bom é que sempre acreditamos em anjo da guarda, não é?
Ela: Como assim?
Ele: Você, tentando resgatar algum pedacinho dessa história para amenizar a incapacidade de tê-la rasgado. E eu daqui relendo as palavras e buscando deletá-las, apagando as conversas e rasgando as poesias para saber que existe passado, e que tudo isso faz parte dele
Ela: Sim, existe passado.Mas a verdade é que nada passou, porque você permaneceu, cravou o que agente chama esse pedaço da vida de: "inesquecível".
Ele: Olha, eu não quero te magoar...
Ela: Tudo bem, não precisa falar mais nada, eu já entendi...
Ele: Esse é o problema, você não parou a vida para entender o meu silêncio, nem compreender as minhas formas de risos, simplemente você só ver o que um "eu" de mim mostra, e não o que o meu "eu de você" reflete.
Elaine Santana